Pesquisar este blog

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

A capoeira como interface cultural

O Brasil é um país rico em cultura. As diversas etnias formadoras do povo brasileiro ao se miscigenarem nos deixaram um legado amplo e variado. Cada região tem suas características culturais próprias, e a cultura popular é a marca mais forte do nosso país.

Como diz Paulo César Pinheiro, na célebre canção “Brasil Mestiço, Santuário da Fé”, interpretada por Clara Nunes, “é o samba, é o ponto de umbanda, é o tambor de Luanda, é o maculelê e o lundu, é o jongo e o cachambu, é o cateretê, é o coco, é o maracatu, o atabaque de caboclo, agogô de afoxé, é a capoeira e o candomblé...”.


brasil_1594


o mundo se globaliza, mas a identidade brasileira se reafirma

Toda essa cultura se mantém viva graças a força de resistência de quem a pratica.

Com a crescente evolução das tecnologias de informação cresce também o processo de “globalização cultural”, levando comunidades e indivíduos no mundo todo a se questionarem sobre a sua própria identidade. Se manter fiel às suas tradições ou atender ao chamado do que está “na moda” e representa status, modernidade...?

Embora boa parte da juventude prefira a segunda opção, existe também essa força de resistência. E a medida que o Brasil emerge, a história se inverte, de “importador” cultural o país passa a ser campo de interesse de estrangeiros e torna-se cada vez mais um “exportador” cultural.

A capoeira desempenha um papel peculiar nesse processo, funcionando como uma espécie de interface. Nela existe espaço para outros tipos de manifestação, como coco de roda, samba, puxada de rede, afoxé, jongo, etc, possibilitando que tais manifestações também sejam preservadas e divulgadas, por vezes em ambientes os mais diversos ao natural. A capoeira se espalha pelos cinco continentes conseguindo incrivelmente preservar sua identidade brasileira, através da linguagem, da organização, do respeito a sua história...

Muita gente pode se lembrar do samba e do futebol quando ouve falar do Brasil. Mas foi a capoeira e os capoeiristas que se radicaram mundo afora para ensinar pessoalmente aos estrangeiros o jeito de ser brasileiro - ela implantou um pouco de Brasil em cada canto do mundo e é umas principais portas de entrada para a cultura nacional.

Por isso é tão importante que se valorize cada vez mais esse aspecto abrangente da capoeira com as outras manifestações culturais do Brasil, até porque a própria capoeira tende a se fortalecer com isso. Um estrangeiro que se interessa pela capoeira, quer conhecer sua história, quer cantar em português, quer aprender tudo quanto for da nossa cultura, quer beber a água na fonte, o original. É um interesse dele, pois assim poderá se sentir verdadeiramente capoeirista, e até mesmo um pouco brasileiro.

(Soldado Capoeira)

Ouça:

Paulo César Pinheiro e Mário Duarte – música Brasil Mestiço, Santuário da Fé, 1980.